terça-feira, agosto 23, 2005

O Lucro ou a Vida?

Ontem, tive uma discussão, saudável, com a minha esposa sobre como devemos aplicar o príncípio de vida de dar o "dízimo" a Deus. Como dar o dízimo do tempo, por exemplo?
Lembrei-me que o Senhor, depois de 6 dias de trabalho de criação, descansou e santificou o 7º dia. Com os dez mandamentos, Deus instituiu o princípio de separar o 7º dia para descansar, porque era o "sábado" do Senhor (Ex.20:10,11). É interessante pensar que 1/7 equivale a cerca de 15% e portanto, parece-me que Deus quer que separemos para Ele, em relação ao tempo, mais do que o tradicional valor mínimo de 10% respeitante ao dízimo dos bens materiais.
A Bíblia diz que: "Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém" (Sl.24:1), "Minha é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dos exércitos" (Ageu 2:8) e que nós não somos de nós mesmos, mas do Senhor (I Cor.6:19,20).
Embora sendo menos praticado nos dias actuais, continuo a crer na importância de dar ao Senhor, ou melhor dizendo, de devolver ao Senhor uma parte daquilo que Ele nos deu, particularmente do nosso sustento ou lucro. Mas em relação ao tempo que Deus nos dá, como devemos geri-lo?
Podemos não concordar que o descanso seja dízimo porque não estamos a dar nada a Deus mas sim a nós! No entanto, parece-me que o 4º mandamento foi instituído para que o homem realmente descansasse do seu trabalho mas ao mesmo tempo dedicasse esse tempo ao Senhor, meditando n'Ele, adorando-O. E não é esse o propósito do domingo actualmente para a maioria dos cristãos? Sim creio que é.
De qualquer modo salvaguardo-me dizendo que não considero que o dia específico de domingo seja o mais importante. O mais importante é separar um dia para o Senhor, o dia que realmente seja para Ele e também para nosso descanso.
Mas vamos imaginar que somos gerentes de um negócio, que supostamente poderia funcionar todos os dias do ano. Fazendo isso poderíamos tirar um valor de lucro elevado e portanto dando só 10% desse lucro ao Senhor, seria um valor considerável, para o Senhor!
No entanto poderíamos optar também por seguir o princípio de separar-mos para o Senhor o dízimo do tempo e o negócio só funcionar 85% do tempo (seguindo o princípio de um dia de descanso por cada semana). Realmente iríamos, talvez, ter menos lucro e consequentemente menos dízimo para dar.
Qual das opções parece mais aceitável diante de Deus?
O que é mais importante para Deus? O lucro ou a nossa vida?
Ou será que há também outros factores importantes a considerar?

domingo, agosto 21, 2005

Não terás outro "Tu" diante de mim

No primeiro dos dez mandamentos: "Não terás outros deuses diante de mim" (Ex. 20:3) podemos pensar em muitos possíveis deuses: dinheiro, casa, outras pessoas. Ao meditar na história de Elias, descobri que cada um de nós pode ser um "deus" que se coloca diante de Deus. Elias, ao centrar a atenção em si mesmo, colocou o seu "eu" diante de Deus. Quando começamos a dar honra a homens ou a querer receber a honra deles em vez de a dar a Deus, estamos a fazer exactamente isso, a colocarmo-nos diante de Deus.

sábado, agosto 20, 2005

O Senhor não estava...

Continuo a meditar na história de Elias no monte Horebe, que é o monte Sinai (I Reis 19), e no significado das expressões repetidas "O Senhor não estava", nem no vento, nem no terremoto, nem no fogo mas sim num "cicio tranquilo e suave".
Foi também neste monte que o Senhor se revelou a Moisés e ao povo de Israel depois do êxodo. No dia em que Deus comunicou os dez mandamentos também usou fenómenos extraordinários da natureza (trovões, relâmpagos, tremores, fogo). Para quê? Moisés explicou ao povo que isto tinha como propósito provocar temor a fim de não pecar (Ex.20:20). Mas pecarem em quê? Pecarem no cumprimento da Lei de Deus, resumida através dos dez mandamentos sendo que o primeiro deles dizia: "Não terás outros deuses diante de mim" (Ex.20:3).
Acho que precisamos relembrar este acontecimento quando lemos a experiência de Elias também no monte Sinai e também usufruindo de manifestações poderosas do poder de Deus. Só que a Bíblia diz que o Senhor não estava nelas. Porquê?
Relembro que Elias passou por uma experiência espiritual muito forte traduzida numa vitória sobre os profetas de Baal. Apesar dela, ao ser ameaçado de morte, entrou num estado de depressão, resultado, creio eu, do seu cansaço mental e espiritual.
Então, no monte Sinai, na presença do próprio Deus, ele centra a atenção em si próprio. Respondeu ele à pergunta do Senhor: "(Eu) tenho sido zeloso, pelo Senhor...; e eu fiquei só e procuram tirar-me a vida". Elias estava com medo escondido numa caverna, enquanto lá fora, manifestações do poder de Deus aconteciam, semelhantes às que tinham visto Moisés e o povo.
Mas "O Senhor não estava" nestas manifestações do Seu grande poder porque Ele não precisava provocar temor em Elias para não pecar. Elias tinha sido sempre zeloso pelo Senhor, é verdade, mas neste momento ele estava a não perceber o problema da sua atitude. Elias não estava a perceber que ele estava a colocar-se à frente de Deus, que ele estava a ser "outro deus" diante de Deus. Porquê digo isto?
Elias só saiu da caverna quando ouviu o "cicio tranquilo e suave" e a voz de Deus que novamente lhe perguntou: "O que fazes aqui, Elias?"
- "O que fazes aqui, Elias?"
- "Estás a ver bem onde estás, o que estás a dizer e a sentir, quando Eu, o Deus Todo-Poderoso estou aqui diante de ti!?"
- "Estás a ver que estás a colocar-te a ti diante de Mim!?"
Mas qual foi a resposta de Elias? Exactamente a mesma resposta que tinha dado anteriormente. Continuava a não conseguir ver Deus por detrás de toda a situação, exactamente porque ele se encontrava à sua própria frente, e à frente de Deus! Percebem?
Esta atitude pode acontecer naturalmente quando há vitórias espirituais. Há a tendência natural do homem, mesmo nascido de novo, de se ver mais a si, em vez de ver a mão, o poder, O próprio Deus por detrás de tudo. É um perigo para o qual precisamos estar alertas, particularmente num período de luta e consaço espiritual.

Acho que Elias acabou por perceber isto, talvez um pouco antes de fazer a primeira viagem inter-mundos. No entanto acho que não percebeu a tempo de Deus lhe dar a sua última missão, da qual também fazia parte ungir o seu sucessor. Finalmente, Deus deu-lhe uma outra "injecção" de último recurso para tratar a sua depressão ao dizer-lhe que, fiéis como ele, existiam mais sete mil!

quinta-feira, agosto 18, 2005

"Um cicio tranquilo e suave"

Esta é uma expressão que a Bíblia usa para designar a "voz de Deus". A expressão poderia ser traduzida por "sussurro suave de uma voz" ou "murmúrio tranquilo" (Willlard, 2002). É interessante que o escritor bíblico tenha usado esta expressão na história de Elias que já contámos, quando ele se encontrava cansado e deprimido depois de ter experimentado toda aquela vitória diante dos profetas que cultuavam o deus do vinho e da imoralidade sexual. Depois da vitória estrondosa, espectacular, de Deus sobre Baal, Elias ouve a voz suave e tranquila de Deus no seu coração. Esta voz suave de Deus, segundo Willard, "traz o selo da Sua personalidade com muita clareza" e devemos aprender a reconhecê-la, por exemplo através de pensamentos que são nossos, embora não provenham de nós.
Ou seja, há quem pense ou aja como se Deus falasse unicamente através de grandes visões ou outras mensagens mais explosivas. Realmente, o nosso espírito precisa cada vez mais aprender a ouvir e identificar a voz suave de Deus, resultado de um relacionamento maduro e pessoal com o Senhor. Mais ainda, num contexto em que há tantas vozes a falarem com os decibéis no máximo da tolerância, e com as nossas mentes tendencialmente mais cansadas, mais relevante ainda é o "cicio tranquilo e suave" do Senhor.

Lugar de descanso

Este é um dos muitos lugares que Deus usa, resultado da Sua criação, para nos fazer descansar n'Ele.
Ilha da Armona - Olhão. (foto de autor desconhecido)

quarta-feira, agosto 17, 2005

Descanso no Senhor

Neste tempo de descanso, depois de ter pensado na importância do descanso da mente, ocorreu-me, ao continuar a meditar na experiência de Elias, que o descanso deve realizar-se sob a base que é o Senhor. Ou seja, devemos descansar no Senhor.
Não confundamos com descansar do Senhor. Podemos descansar das responsabilidades religiosas mas não podemos nem devemos descansar do Senhor. Se descansarmos do Senhor estaremos a demonstrar que o relacionamento com Deus não é tão essencial para a nossa subsistência, como por exemplo o ar puro que respiramos num local de lazer.
Devemos sim descansar no Senhor.
Elias, como já vimos, passou por um estado de cansaço e depressão que o levou a pedir a sua morte. Este estado surgiu depois dele ter passado por uma grande luta espiritual (com os profetas de Baal), da qual saiu vitorioso. Mas não seria suposto ficar mais forte depois de vitória? Sim, se ele tivesse descansado no Senhor! Mas o que aconteceu foi que Elias descansou na sua própria pessoa, dado que ele se considerava ser o único profeta de Deus que ainda vivia (ver I Reis 19:10).
Mas o descanso de Elias no Senhor veio por iniciativa do próprio Deus. Como?
1. O Senhor alimentou e fortaleceu Elias.
2. O Senhor revelou-se a Elias por meio da Natureza e do Seu próprio Espírito.
3. O Senhor deu responsabilidades a Elias e mostrou-lhe que não era insubstituível.
4. O Senhor exortou e consolou Elias dizendo-lhe que existiam muitos mais profetas fiéis a Deus.

Na minha vida, preciso saber descansar no Senhor depois das lutas.
Descansar no Senhor porque preciso de recuperar forças, sendo alimentado por Ele e ouvindo a Sua voz, "um cicio suave e tranquilo". Descansar no Senhor, para ser exortado a não me elevar mais do que devo. Descansar no Senhor, também, para receber orientações sobre os passos a dar no futuro.

Questão: O que significa para si descansar no Senhor?

quinta-feira, agosto 11, 2005

Descanso da mente

Não. Não estou tao obcecado pelo blog que nem no dia seguinte ao meu dia de anos e em férias, deixo de escrever. Apenas quero deixar registado neste momento dois pensamentos. O primeiro tem a ver com a importância do descanso da mente. Esta, tal como o nosso corpo, precisa de abrandar o ritmo, precisa de usufruir de tempo para fazer uma limpeza dos pensamentos e preocupacões habituais acumuladas durante o ano e que lhe absorveram tanta energia. Elias foi umprofeta de Deus que depois de um grande esforço mental e luta espiritual precisava de ter tirado um tempo para descansar. Não o fez e, creio eu por isso, entrou numa crise de identidade e num estado de depressão tal que pediu para morrer (ver I Reis 18,19). É fundamental dar descanso a mente. O segundo pensamento e mais pessoal está ligado com o anterior porque descanso da mente não significa esvaziá-la de tudo, significa também definir com o que se quer enchê-la. Descanso da mente pode significar também tomar decisões sobre o futuro, sobre a vida, sobre os outros sobre a vida com Deus. É assim tambem que eu quero descansar a mente.

p.s-obrigado a todos pelas felicitacões que me deram

sexta-feira, agosto 05, 2005

Vivamos Cristo pelas Pessoas

"Vivamos Cristo pelas pessoas" foi a melhor forma que encontrei para resumir o que ouvi ontem pelo Pr. Paulo Júnior, na Conferência do Desafio Jovem. Foram tantas as ideias teológicas e exegéticas profundamente comnicadas que cada uma merecia uma mensagem. (É por isso que eu estou convicto que uma pregação expositiva deve ter apenas uma ideia a ser bem explicada, validada e aplicada).
Não quero agora comentar cada uma das ideias apresentadas pelo Pr. Paulo Júnior. Deixo apenas algumas, para mais tarde recordar e reflectir:

"O inferno só é inferno porque está perto de Deus o suficiente para vê-Lo mas
longe demais para experimentá-Lo."
"Em vez de pensarmos que os outros são o problema, devemos pensar que nós somos a solução."
"Como é que sou salvo? Quando reconheço que o meu Senhor se fez Cristo."

"Santidade não é o que posso fazer para me salvar ou guardar dos outros. É o que eu posso fazer para santificar o outro."
"O pecador vai ver o santo se santificando (e se sacrificando) e vai ter esperança. "

Ao ouvir este homem de Deus a pregar, fez-me lembrar de alguém que tem tanto para dizer num momento de despedida que não consegue parar. Ele parou de comunicar a riqueza das ideias de Deus, não sem antes chorar como alguém que realmente comunica através do seu coração aquilo que a sua mente compreendeu de um modo profundo e relevante. Foi emocialmente arrepiante ficar em silêncio e ouvir o silêncio da Igreja de Deus perante a "voz de Deus" através deste Seu profeta.
Foi das poucas vezes em que realmente senti que a Igreja prestou reverência à Palavra de Deus. Que mais profetas como este se levantem!

quarta-feira, agosto 03, 2005

O Verbo

No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. (João 1:1)

Ontem ouvi uma ideia, pelo Pr. Paulo Borges Júnior, sobre a razão da utilização da palavra "Verbo". Porquê a Palavra "Verbo"?

"Verbo" porque "vibra". "Verbo" é uma palavra que se movimenta, que tem vida, que age, que faz. Não é só palavra, é vida! Salvação não é crer simplesmente na Palavra. Salvação é também movimento, vida e comunicação.

"Não sejamos ventoínhas, mas geradores de vento!" (Paulo Júnior, 2004)

O sobrenatural

Escrever num blog é um fenómeno interessante. São pensamentos públicos porque estão disponíveis a todos e a qualquer um. Talvez por isso, nem tudo o que pensamos e sentimos verdadeiramente é o que realmente escrevemos. Não quer dizer que somos falsos ou hipócritas. Quer dizer que talvez escrevemos uma parte do verdadeiro "eu" de cada um. Apesar de ser uma parte, sendo partilhada (mesmo não tendo quem leia) torna-se grande. Porque o simples acto de escrever ajuda, quem o faz, a chegar a conclusões sobre si próprio e o mundo que o rodeia. E talvez, neste processo, outros sejam ajudados...

Ao escrever sobre a luta espiritual, reflicto sobre as lutas que enfrento na minha vida. Não é a luta para ter uma vida material mais rica nem a luta para ser mais feliz. Refiro-me principalmente à luta para ser alguém que honra a Deus em vez de querer ser honrado.

O homem naturalmente quer ter a honra para si mesmo por tudo aquilo que é ou faz. O homem, naturalmente, tem dificuldade em aceitar a sua fraqueza, a sua falta de sabedoria ou de conhecimento. O homem naturalmente tem ciúmes daquele que tem, é ou faz mais. O primeiro e fatal erro do ser humano foi exactamente querer ser como o Outro e por causa disso ficou deformado de uma forma permanente. Hoje todos continuamos a sofrer dessa deformação, a qual é usada pelo Mal para nos deformar ainda mais.

Por isso é que precisamos do sobrenatural, não para nos deformar mais, mas para nos conformar à imagem d'Aquele que é sobre tudo e sobre todos. O sobrenatural é ser capaz de dar-Lhe honra em todas as coisas. O sobrenatural é não deixar que o natural tenha domínio sobre nós. O sobrenatural é Cristo!

segunda-feira, agosto 01, 2005

Tipos de ataques

Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.(Efésios 6:12)


A Bíblia fala da luta espiritual que ocorre à nossa volta, da qual, por vezes, nem nos apercebemos. Alguns escritores têm a capacidade de a descrever melhor, talvez por estarem (ou terem estado) mais directamente envolvidos nas batalhas. O apóstolo Paulo apresenta o ensino bíblico sobre ela. Autores como Watchman Nee e C.S. Lewis (em Screwtape Letters) tentam apresentar situações contextualizadas dessa luta, como se de uma aplicação do texto bíblico se tratasse.

Neste 2º capítulo do seu livro, Nee apresenta exemplos de ataques que um crente com uma mente passiva pode sofrer. Inactividade, inquietude, mal-estar, incapacidade de se concentrar, distinguir ou lembrar, confusão, trabalho sem resultados, tagarelice, obstinação, inconstância, insónias, sonhos ou visões e medos, são possíveis resultados da actuação de espíritos malignos. De um modo geral, subjacente a estes fenómenos está a perda de controle da mente, ou a incapacidade de um crente pensar por si próprio, deixando que tais espíritos pensem por ele.

Das palavras de Nee, será sensato não concluirmos que uma simples insónia, esquecimento ou outro fenómenos referido é sempre um ataque maligno. Não sejamos como aqueles que vêem o diabo em tudo. No entanto não devemos também negligenciar em nós próprios ou noutros, situações daquelas a acontecerem de um modo recorrente e sistemático. Isto é sinal de um provável ataque espiritual, pelo que é importante parar para definir uma estratégia de defesa.

Comente: Concorda que uma mente passiva pode ser atacada da forma descrita?