sexta-feira, julho 22, 2005

IV - Compreendendo o texto

A grande questão exegética deste texto tem a ver com o último verso: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” A conjunção “portanto”, que poderia substituir-se por “por conseguinte” faz-nos pensar que esta é uma ideia conclusiva de tudo o que Tiago tinha dito até aqui.

Considerando que o “portanto” do verso 17 também se aplica a todo o capítulo 4 de Tiago, poderemos estabelecer alguns princípios de actuação na vida em geral como sendo fundamentais:
1. Não peçamos a Deus unicamente para deleite pessoal
2. Sujeitemo-nos a Deus e resistamos ao diabo
4. Confessemos as nossas falhas humilhando-nos na presença do Senhor
5. Não falemos mal dos outros. Falemos antes para o seu bem.

Mas no parágrafo que estamos a analisar as ideias têm andado à volta do tema da tomada de decisão acerca do futuro.
Tiago apresenta 3 princípios quanto a isso:
1. Não façamos afirmações como se tivessemos o controle do futuro(v.13,14)
2. Não nos gabemos das nossas capacidades para cumprir os nossos planos (v.16)
3. Afirmemos que se for da vontade do Senhor, o que queremos acontecerá (v.15)

Mas estes princípios estão a dizer que é errado fazer planos? Esta foi a grande dúvida que me surgiu.
Pensando em todo o contexto bíblico podemos afirmar que fazer planos é uma atitude sábia, mas este texto permite-nos dizer isso?

O 3º princípio era: Afirmemos que se for da vontade do Senhor, o que queremos acontecerá.
Sim, Tiago mostra-nos que nós devemos dizer: “Se o Senhor quiser, nós faremos isto ou aquilo.” Nós faremos isto ou aquilo, mas se o Senhor quiser.
Fazer planos não é errado. O que está errado é planear sem ter Deus em consideração e como se pudéssemos controlar o futuro.

Assim, estou convicto de que Tiago queria também esclarecer essa dúvida. Acho que Tiago não queria deixar a ideia de que não vale a pena planear nada, não vale a pena trabalharmos para termos sucesso na nossa vida. Certamente que Tiago não queria dizer isso e por isso ele diz: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.”
E que “bem” é esse a que Tiago se refere?

Julgo que será tudo o que ele tem dito neste capítulo, todas as exortações dadas, todos os princípios ensinados que já referi anteriormente. Se os cristãos daquele tempo sabiam que deviam seguir estes princípios e não o fizessem estariam a pecar.
Ou seja, o homem sábio e transformado por Deus sabe o bem que deve fazer. Sabe aquilo que realmente agrada a Deus porque conhece a Sua Palavra. O homem sábio e transformado sabe aquilo que é benéfico para o crescimento do Reino de Deus. O homem sábio e transformado tem como princípios de vida na tomada de decisão:
• Não fazer afirmações como se tivesse o controle do futuro
• Não se gabar das suas capacidades para cumprir os seus planos
• Afirmar que se for da vontade do Senhor isso acontecerá

Mas o homem sábio e transformado também tem como princípio geral de vida:
• Fazer o bem que sabe que deve ser feito.

Ou seja, este princípio para além de nos incentivar a cumprir os outros princípios, também tem a ver com planear agir para o bem dos outros e para o crescimento do reino de Deus.
Acho que é neste último princípio que muitos cristãos falham. É mais fácil não fazer aquilo que é errado do que fazer aquilo que deve ser feito.

Através destes princípios podemos ver a conclusão final de Tiago. Não se trata apenas de não fazer o que é errado. Há princípios que devemos ter na vida que nos dizem para não fazer determinadas coisas, mas há outros que nos dizem o que devemos fazer. Não basta não fazer o que é errado. Temos de fazer o bem, aquilo que é mais correcto. Por isso a grande ideia deste capítulo é:
Faça o bem que sabe que tem de ser feito!

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