quinta-feira, janeiro 20, 2011

CONTRIBUINDO PARA O SUCESSO EDUCATIVO!

João Coménio escreveu uma famosa obra de pedagogia intitulada “Didáctica Magna”. Este grande educador e pedagogo do século XVII dizia, que o propósito na sua arte de ensinar, era “investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais; nas escolas, haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil e, ao contrário, haja mais recolhimento, mais atractivo e sólido progresso.
Parece-me que, quase 400 anos depois, ao contrário do seu desejo, especialmente no sistema básico do ensino público, os professores cada vez ensinam mais, mas os estudantes aprendem menos; nas escolas, há mais barulho, mais enfado, mais trabalho inútil e, em consequência disso, menos atractivo e sólido progresso. Vejamos:
1.       A maioria das crianças entra mais cedo para a Escola, o número de horas passado em actividades lectivas semanais tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos e a escolaridade obrigatória passou para 12 anos. No entanto, a consciência geral é que cada vez mais, a grande maioria dos alunos sabe menos.
2.       No passado, ninguém ousava interromper o professor. Agora, é o professor que, muitas vezes, tem de pedir: “Posso falar?” Todos concordamos que o ambiente de trabalho na sala deveria ser mais silencioso, de modo a rentabilizar mais o tempo de aula.
3.       Aprender coisas novas é uma actividade interessante mas actualmente, com o trabalho que isso dá, poucos querem fazer o esforço. Estar com um livro aberto em cima de uma secretária, durante uma hora seguida, é coisa rara nos dias actuais.
4.       Actualmente, em cada ano que passa, surgem mudanças ao nível da legislação escolar, obrigando ao uso de centenas de horas de trabalho docente para alterar aquilo que no ano anterior era a solução para todos os males, mas que agora deixou de o ser. Trabalho inútil, que apenas serve para empatar o progresso!
Nos últimos anos, julgo que se tem procurado combater o insucesso escolar, criando medidas para responsabilizar exclusivamente uma das partes no processo educativo - o professor.
- O professor tem uma enorme responsabilidade no processo educativo, não há dúvida. O professor faz aquilo que nenhum Manual, “Magalhães”, “Quadro Interactivo”, ou DVD faz. Estes podem comunicar mas não ouvem o aluno. Podem repetir mas não entendem a dúvida do aluno. Só o professor consegue explicar sempre de uma nova maneira, com outra estratégia até ser completamente perceptível ao aluno. Só o professor consegue perceber a angústia, a tristeza de um aluno, mesmo que este não queira falar. Só o professor consegue corrigir e por vezes disciplinar, contribuindo para a formação integral do aluno. O professor, enquanto ajuda na aquisição do conhecimento e das competências, traz humanidade ao processo educativo.   
Mas, o professor não tem, nem nunca poderá vir ter, a responsabilidade total no combate contra o insucesso escolar e a elevada falta de competências básicas em grande parte dos alunos. Considero que há outros 3 responsáveis neste processo:
- O aluno. Valorizei muito o discurso do Presidente Obama, aos alunos do seu país, destacando a responsabilidade de cada um pela sua própria educação. Nós também temos que afirmar em alta voz que: “VOCÊS, ALUNOS têm também de querer ter sucesso; VOCÊS, ALUNOS têm de desejar aprender; VOCÊS, ALUNOS têm de estudar! Mesmo que vos pareça “uma seca” estudar assuntos sobre os quais consideram não ter interesse, se o fizerem, verão que irão descobrir algo que despertará o vosso interesse e curiosidade e que poderá vir a estar ligado com o vosso futuro profissional”. E no futuro, aqueles que tiverem adquirido mais conhecimento e competências reais, irão estar em vantagem sobre os restantes. E esta vantagem não se compra, não se adquire por meio de um certificado obtido em “Novas Oportunidades” mas conquista-se! Conquista-se não a “copiar os TPC’s e nos testes” mas com trabalho e estudo honesto.
- Os Pais e Encarregados de Educação. Vivemos tempos em que muitos pais, para conseguirem sobreviver nesta sociedade competitiva, têm de investir um elevado número de horas no trabalho, por vezes com horários tardios, o que lhes deixa pouco tempo para o acompanhamento devido aos seus educandos. Casos há em que um ou ambos os pais, não conseguem ver e falar diariamente com o seu filho(a). Brincar com os filhos tornou-se impraticável, em grande parte das famílias. Até o tempo em família, mesmo à hora de jantar, para conversar sobre o dia-a-dia escolar e outros assuntos (sem a televisão ligada), deixou de fazer parte da grande maioria das famílias portuguesas. Os professores enviam recados na Caderneta escolar, mas se os pais não dedicarem tempo para os ler e conversar com os seus educandos, corrigindo eventuais dificuldades ou comportamentos, tudo continuará na mesma, contribuindo para acentuar o insucesso. Por isso, para o bem-estar emocional e sucesso educativo do aluno, digo que também é fundamental e prioritário que os pais e encarregados de educação se envolvam cada vez mais na vida pessoal e escolar dos seus educandos. Que tal começar hoje, dando um abraço ao seu educando e dizendo-lhe: “Filho(a), conta-me sobre o teu dia!”
- A Gestão Escolar. Quem define as políticas educativas, os currículos escolares e as orientações para as Escolas, é o Ministério da Educação. As Direcções dos Agrupamentos Escolares, podem e devem tentar criar estratégias propiciadoras para a construção do sucesso educativo, mas estarão sempre dependentes das orientações superiores. Estas obrigam a estabelecer metas de sucesso, que poderão ser fabricadas e não reais, sem simultaneamente providenciarem melhores condições para se actuar nas reais causas do insucesso. Por outro lado, os Agrupamentos Escolares que foram criados apenas em 2008, no sentido de existir maior coordenação entre as Escolas que o compõem, estão a ser transformados, novamente através da força legislativa e sem fins específicos, em Mega-Agrupamentos, como se de uma fusão entre empresas se assemelhasse. Até mesmo o (nosso enorme) Agrupamento de Escolas nº1 de Loures, com uma Direcção que há pouco tempo assumiu funções, se pensa anexar a uma Escola Secundária, de modo a ser gerida por um “Super Mega-Director”! Alguém sabe como poderá ter, esta medida, contribuir para o sucesso educativo dos nossos alunos?
Algumas outras medidas poderiam contribuir para a melhoria do sucesso educativo. Disso falaremos noutra oportunidade. Por agora importa guardar esta ideia: Todos, professores, alunos, pais, e gestores educativos, cada um na sua função, têm de contribuir para o sucesso educativo. Reflictam e contribuam para isso!

domingo, janeiro 02, 2011

Desculpem o incómodo srs larápios

Ontem à tarde, dia primeiro de 2011, estava eu a passear com a Austin em plena baixa lisboeta repleta de transeuntes, quando reparo que um casal jovem seguia outro casal de turistas. Nada de estranho a não ser o facto do rapaz jovem estar, com a maior das tranquilidades, a abrir a mochila da senhora que ia à sua frente.
Ao me aperceber que se estava a desenrolar um roubo ao meu lado, agarrei no braço do rapaz e o casal de turistas voltou-se para trás, apercebendo-se que estavam a ser assaltados. Mas, para meu espanto, ele nem fugiu nem deu a carteira porque.. já não a tinha.
A Austin que tinha ficado para trás, apercebeu-se que a moça já tinha fugido e correu atrás dela. Agarrou-a também pelo braço e virou-a para si, quando viu que ela já estava a tirar o dinheiro da carteira. A Austin, disse-lhe que a carteira não era dela e tirou-lha da mão, enquanto ouvia uns palavrões daqueles fortes!
Devolvemos a carteira ao casal de turistas que muito agradeceu, enquanto o casal de larápios saia dali a resmungar connosco, com dezenas de pessoas a presenciarem a cena, sem fazerem nada.

Devia ter tentado tirar-lhes uma fotografia e ter ido denunciá-los à esquadra da Polícia, que havia ali bem perto. Com a emoção da cena, nem raciocinamos bem. Mas pelo menos, um casal de turistas não ficou com as suas férias estragadas e eu e a Austin, nos sentimos bem por termos feito aquilo que devíamos.
Mas era tão fácil termos ignorado e passado ao lado dum problema que não era nosso...

Um ano de 2011 repleto de atitudes correctas!

quarta-feira, outubro 20, 2010

Portugal e o seu orçamento

Portugal vive momentos difíceis. Para além da crise de valores, hoje conhece-se verdadeiramente a grave situação financeira em que nos encontramos e que vinha sendo ignorada ou camuflada.
Discute-se agora o orçamento de austeridade para o ano de 2011. Algumas observações desejo destacar sobre este processo:

1) Não percebo como a proposta de orçamento, de austeridade, pede autorização para aumentar a dívida externa em mais de 4% do PIB. Já estamos endividados em mais de 80% e ainda nos vamos endividar mais?? Faz lembrar-me aquelas famílias que estão tão endividadas que precisam pedir novos créditos para pagar as restantes dívidas. E depois admiram-se das taxas de juro da dívida pública nacional terem aumentado tanto!

2) A grande maioria das opiniões refere que este é um orçamento que irá trazer graves consequências ao nível do aumento do desemprego dado que irá provocar uma grande diminuição do consumo interno, fruto também da diminuição do poder de compra. É considerado pela maioria um mau orçamento mas devido à questão anterior, os "mercados externos" exigem que seja aprovado. Ter que aprovar à força um mau orçamento é semelhante a "estar enterrado até ao pescoço" e pedir para nos atirarem um saco de batatas em vez de uma corda!

3) Ainda não era conhecido o documento oficial do orçamento e já todos diziam que tinha de ser aprovado, ou dizendo que esta era a atitude mais responsável a tomar ou para não comprometer as futuras aspirações políticas da actual oposição. Vi com bons olhos a atitude daqueles que apenas mostraram a sua posição sobre o orçamento após o conhecerem e não antes. A questão é que a oposição irá herdar, mais cedo ou mais tarde, a condição em que o país se encontra e por isso, se puder fazer alguma coisa para diminuir o fardo que irá receber, creio que está a agir com responsabilidade, em vez de "lavar as suas mãos" e dizer que não tem nada a ver com a maior desgraça que poderá daí advir.

4) A palavra negociação significa ceder um pouco nas suas pretensões e esperar que o outro ceda também. Quando se negoceia a venda de uma casa, posso dizer: "Só vendo pelo valor X". Ora se surge alguém que está disposto a pagar X-Y e eu aceito, não quer dizer que não tenho palavra mas que simplesmente compreendi o significado de uma negociação e que estou disposto de  entender a posição da outra parte. Acho que é isso que está a fazer o líder da oposição (PPC) mas que a maioria dos jornalistas e comentadores tendem a julgar, mesmo estando ele e defender os interesses de todos os portugueses.

É o que eu penso!