quinta-feira, outubro 12, 2006

A Terra está em saldo negativo ecológico

Humanos estão a explorar mais recursos naturais do que aqueles que podem ser renovados num ano.

Se é um consumista inato ou simplesmente gosta do conforto ocidental, preste atenção a este dado: desde 9 de Outubro, a conta ecológica da Terra entrou em saldo negativo. Por outras palavras, a partir de agora e até ao fim de 2006, os seres humanos estarão a explorar mais recursos naturais do que aqueles que podem ser renovados num ano civil.

O cálculo exacto do dia do ano em que a Terra passa a estar em débito ecológico é uma derivação da "pegada ecológica", que estima qual a área do planeta que cada pessoa precisa para suportar o seu estilo de vida. Outro conceito é o da biocapacidade de renovar os recursos - de uma cidade, uma região, um país ou da Terra como um todo.

Segundo os últimos cálculos da organização não-governamental Global Footprint Network, cada português precisava, em 2002, de 4,2 hectares de recursos do planeta. Mas o país só tinha capacidade para suprir 1,7 hectares por pessoa. Por habitante, havia então um débito de 2,5 hectares.

Com base neste tipo de dados, a New Economics Foundation (NEF), outra organização não-governamental, passou a determinar o dia exacto em que o salário ecológico anual da Terra termina.
E "o dia em que a humanidade começa a comer a Terra", como define um comunicado da NEF, ocorre cada vez mais cedo. Em 1987, o "dinheiro" acabou em 19 de Dezembro. Em 1995, a data estava já em 21 de Novembro. E este ano a conta entrou no vermelho a 9 de Outubro.

"A humanidade está a viver do cartão de crédito ecológico e só o pode fazer liquidando os recursos naturais do planeta", resume Mathis Wackernagel, director executivo do Global Footprint Network.
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10.10.2006 - 09h04 Jornal PÚBLICO (Portugal)

2 comentários:

Adilson Marques disse...

Vitor, os teus dois últimos textos alertaram-me para algo que sabia, mas não tinha a real percepção. Estou deveras preocupado com o nosso planeta, mormente por ver que mesmo existindo tantos alertas, não creio que iremos mudar o nosso estilo de vida. Não consigo imaginar os milhares de condutores deixarem os seus carros e começarem a utilizar transportes públicos. O problema, é que existem sempre desculpas para não o fazermos. Obrigado. Um abraço.

Tinoca Laroca disse...

E cada um de nós é responsável.
Como cristãos, o que fazemos?
Onde nos envolvemos?
God bless you.
T.