sábado, novembro 15, 2008

Manifestação pela Educação - 15 de Novembro'08

Pela liberdade de lutar a favor da Educação

Hoje, cerca 2o mil professores (segundo alguns) de forma autónoma, independente e apartidária, juntaram-se numa marcha contra o estado da Educação actual no nosso país. Eu não presenciei a luta do 25 de Abril de '74 mas imagino que alguns sentimentos tenham sido os mesmos.


O sentimento de admiração e respeito por um grupo de homens e mulheres que luta genuinamente por aquilo em que acredita: melhorar a educação pública em Portugal.
O sentimento de liberdade, mesmo estando a ser governados de forma autocrática.
O sentimento de paz, mesmo estando envolvidos numa guerra contra uma política educativa cega e nefasta.

Ao voltar para casa, li numa estação de metro uma frase bastante significativa e que se pode aplicar a esta situação:

Não sei porquê, este governo, e em especial a Srª Ministra, não é capaz de entender o que se passa realmente nas Escolas e na educação em Portugal como consequência das suas políticas!

Ninguém, à excepção de Jesus Cristo, deve estar convicto de que possui toda a verdade. Mas a Srª Ministra parece que está! É triste que assim seja.

Até onde chegaremos nós neste braço de ferro? O meu conselho é o mesmo que Jesus nos deixou quando falava por parábolas:

"Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!"

terça-feira, novembro 11, 2008

Um Candidato a PR que faz falta ao País

Manuel Alegre, um democrata, um homem da liberdade que pensa por si, uma voz que não alinha sempre com a voz partidária, apoia a causa do Ensino e a luta dos professores.
Na revista de Opinião Socialista OPS, Manuel alegre diz:

"Confesso que me chocou profundamente a inflexibilidade da Ministra e o modo como se referiu à manifestação, por ela considerada como forma de intimidação ou chantagem, numa linguagem imprópria de um titular da pasta da educação e incompatível com uma cultura democrática. Confesso ainda que, tendo nascido em 1936 e tendo passado a vida lutar pela liberdade de expressão e contra o medo, estou farto de pulsões e tiques autoritários, assim como de aqueles que não têm dúvidas, nunca se enganam, e pensam que podem tudo contra todos."

domingo, novembro 09, 2008

A Irredutibilidade da Srª Ministra

Estive hoje na manifestação dos professores.

Também lamentei o facto da Plataforma Sindical não ter optado por unir e mobilizar todos os sindicatos e movimentos de professores numa manifestação única no dia 15, por ter sido esta, acho eu, a primeira data a ser sugerida.

No entanto fui à manifestação de hoje porque era preciso mobilizar o maior número de docentes, porque estou preocupado com o estado real da educação, com o futuro da educação dos meus alunos (e também com o futuro da minha filha) e não só com a minha situação como professor.

Infelizmente já ouvimos a reacção de tranquilidade da Srª Ministra. Diz que compreende o mau estar dos professores mas não faz nada para mudar porque segundo ela, está a fazer aquilo que é melhor para a Escola. Ora, eu acho que a Srª Ministra realmente não está (ou não quer estar) bem inteirada do que se passa nas escolas actualmente. Certamente recebe relatórios, (tal como as estatísticas da avaliação), apenas com os resultados positivos das medidas implementadas e que escondem "o lado negro" dessas mesmas medidas.

Será que é enganada pelas suas fontes de informação ou quer fechar os olhos para a realidade?

Não percebo como alguém pode ficar novamente indiferente a mais de 100 mil docentes que declaradamente mostraram a sua insatisfação com este estado de coisas.

Um líder é alguém que sabe ouvir as bases, como se diz na política. Um líder é alguém que sabe motivar para a mudança, mas de uma forma compreensível e aceite por aqueles que são agentes dessa mudança. Um líder na área da educação é alguém que sabe educar para a mudança.

Sem dúvida que a Srª Ministra não é uma líder destas. É uma líder que impõe a "mudança" pela força da Lei. É uma líder que decreta sem conhecer as consequências nefastas do decretado. É uma líder irredutível aos gritos de socorro e de alerta dos professores. É uma líder que não ouviu, não ouve nem quer ouvir aqueles que realmente vivem, sofrem e lutam pela Escola e pela Educação.

A manifestação de hoje foi bem organizada pela Plataforma Sindical. Mas, mais do que nunca os interesses dos professores não são movidos por forças politicas e sindicais mas por uma real preocupação com o estado da educação em Portugal.
O que será preciso para a Srª Ministra entender isto e responder positivamente ao grito de socorro e de alerta dos professores?
p.s.- algo que me impressionou hoje foi o minuto de silêncio que se teve no final da manifestação. Houve realmente silêncio absoluto numa avenida com mais de 100 mil pessoas. Nas aulas hoje, com 25 alunos, o silêncio para ouvir o professor, é algo ultrapassado!

quinta-feira, novembro 06, 2008

Yes, We Can!

Em Março deste ano tinha escrito:
"Conforme constato pessoalmente, a educação está transformada numa batalha por resultados rápidos para "inglês ver", desprovida de prazer pelo processo educativo, repleta de experimentações legislativas não testadas e descabidas da realidade, através de uma imposição autoritária e asfixiante."

Oito meses passados, esta afirmação continua cada vez mais actual.
- A melhoria "impressionante" dos resultados dos exames nacionais já foram classificados como um autêntico milagre. Mas era isso que se queria: mostrar resultados. Não importa se não são reais.
- O novo estatuto do aluno, no que diz respeito às medidas disciplinares e ao novo regime de faltas, não faz sentido, é complicadíssimo e não produz efeitos positivos notórios. Parece que a única intenção é tornar a vida dos professores, e em especial dos que são Directores de Turma, uma autêntica burocracia sem sentido.
- Quanto ao processo de avaliação dos professores, está a decorrer, pelo menos na minha Escola. Sim, temos de cumprir a legislação, tal como diz José Gil, de forma domesticada. É isso que os nossos líderes ministeriais pretendem. No entanto, mesmo que se faça, será sempre uma avaliação desprovida de "alma".
- Não há vida, alegria e motivação no ensino actual por parte da grande maioria dos professores. Até os próprios alunos estão a perceber que o ensino não atravessa um bom período. Contestam um regime rígido mas por outro lado sabem que a aprendizagem está pouco exigente e por isso não há o empenho adequado nem o respeito mínimo em grande parte dos alunos.

Será que podemos fazer algo para mudar esta situação?
Yes, We Can!
Podemos continuar a desempenhar a nossa função da melhor maneira que soubermos e conseguirmos, apesar das circunstâncias adversas. Mas acho que também devemos continuar a denunciar de todas as maneiras possíveis e imaginárias o verdadeiro estado da educação em Portugal. Uma dessas maneiras é a manifestação pública!