quinta-feira, abril 24, 2008

Reino de Conforto

No passado mês de Março os "Delirious?", uma das maiores bandas cristãs, esteve em Portugal para dar um concerto. Fiquei a conhecer algumas das músicas do seu novo álbum, "Kigdom of Comfort" e imediatamente fiquei interessado em adquiri-lo.

Actualmente, através da internet, consegue-se facilmente fazer download de quase todas as músicas cristãs. Há programas de troca de todo o género de ficheiros entre os seus membros. Há sites que disponibilizam centenas e centenas de álbuns de música cristã. Tudo à distância de alguns cliques.

Como estava curioso, pedi e recebi de um amigo as músicas do novo álbum dos "Delirious?". Tudo fácil. Aparentemente tudo legal, dado que ninguém está a fazer comércio disto. Mas será assim mesmo?
Sei que o assunto não é pacífico nem consensual. No entanto gostaria de alertar para o facto de que este tipo de prática generalizada:
1. É proibida por lei. (podemos fazer o download para ouvir e conhecer determinado álbum ou música mas devemos posteriormente apagar os ficheiros caso não se adquira o original).
2. Retira margem de lucro, não só para as editoras, mas principalmente para os artistas que gostariam de poder subsistir à custa do seu trabalho artístico. E se os artistas não conseguirem fazê-lo terão de deixar essa actividade e consequentemente não produzirão novos álbuns.
3. Contribui para o fecho de livrarias (e consequente desemprego dos seus trabalhadores) que vivem à custa da venda de Cd's, DVd's ou livros.
Era uma grande tentação ficar com os ficheiros e não pagar nada por eles. Podia-me desculpar com a falta de recursos finaceiros dado que tudo o que é original é caro. Mas, de acordo com a minha consciência não ficava bem.
Por isso, fui comprar o Cd original e descobri que ao fazê-lo estava a contribuir com 1 dia de alimentação para crianças extremamente necessitadas da India. Este foi o projecto em que os "Delirious?" se envolveram depois de terem estado lá a ver a miséria extrema e o sofrimento de milhões que não vivem no nosso "Reino de conforto".
Cada um de vós pode ajudar também.
Compre o original e abençoe outros!
"Save me from de KINGDOM OF CONFORT
where i am king from my unhealthy lust of material things."
- Delirious?

6 comentários:

natenine disse...

Concordo plenamente com a questão de ser leal ao nível da aquisição da música. Realmente se existe uma lei devemos cumprir.

A respeito da lei não sei se podes fazer download só para ver... Acho que isso não é verdade, porque quem tem o CD não o pode partilhar, tal como quem adquire a música em Mp3 (portanto sempre haveríamos de adquirir por meios ilícitos), hoje em dia para veres música tens os myspace's das bandas...

grande abraço.

Vitor Mota disse...

Obrigado pelo comentário. No entanto, sobre o facto de não poder fazer o download para ouvir não foi isso que li. É licito emprestar um CD original a alguém para o ouvir. Não será licito gravá-lo. Além disso nem todas as bandas disponibilizam as músicas para serem ouvidas.

Adilson Marques disse...

Vítor, é verdade que este tema levantado por ti não é consensual, no entanto devemos reconhecer que só assim o consideramos por termos relutância em dizer que é errado. Se todos reconhecermos que é errado, logo se torna consensual.
Apesar de tudo, e não querendo desculpar-me pelos erros cometidos, penso que a causa de tudo isso é a ganância dos artistas. Mesmo sem conhecer os “Delirious?”, acredito que são como todos os outros, pois caso contrário poderiam doar a fortuna que já têm para as crianças da Índia, se tão sensibilizados ficaram com a miséria. Do que dizes, nada lhes custou, apenas a editora perde pouco mais de um dólar por CD, quando o vende provavelmente por mais de 15, sabendo eu que o custo de fabrico não chega a 1.
Para vermos bem a dimensão da ganância dos artistas e das editoras, basta tomarmos conhecimento que na China cerca de 90% dos CD vendidos são piratas e mesmo assim os artistas têm elevadas margens de lucro. Imagina a margem que seria se todos os CD fossem comprados legalmente?
Vítor, espero que não me entendas mal, não quero com isso dizer que concordo com tais práticas, é claro que não e nunca comprei um CD ou DVD pirata e não tenho por hábito tirar músicas da Internet, o que quero apenas comunicar é que primeiramente os artistas deveriam deixar a ganância de lado, deveriam praticar um preço justo e, acredito piamente, tudo mudariam significativamente.
Como exemplo posso dar-te algo que se passou, ou talvez ainda se passa, no mundo evangélico. Um livro de estudo bíblico com 64 páginas em formato A5, sem qualquer efeito gráfico, com um terço das páginas literalmente em branco custou-me 5 euros. Analisei o livro ao pormenor, fiz as contas e concluir que com menos de um euro teria o mesmo livro em fotocópias numa qualquer fotocopiadora da Escola Superior de Educação de Setúbal ou na biblioteca da Faculdade de Motricidade Humana. (Atenção que eu sou o último consumidor, por isso tudo para mim é sempre mais caro. Isso significa que para qualquer tipografia ficaria por muito menos. Fiquei deveras chocado, porque até para aprender sobre a Bíblia fui roubado. Quando me disseram que o livro não era caro, o meu único argumento foi mostrar o Manual de Teologia, de John L. Dagg, com 301 páginas escritas (A5), de elevado nível intelectual, custou-me 8 euros. Sem sombra de dúvida, não há comparação entre as duas obras. Ou seja, o livro de estudo bíblico da Didaclasia (Centro de recursos teológicos) foi um autêntico roubo. Como vês, que motivação tenho eu para comprar o próximo volume para estudar a Bíblia?
Como se não bastasse, fui a uma livraria evangélica que fica perto de Picoas, em Lisboa, encontrei um livro que comprei por 5 euros na conferência da Editora Fiel por mais de 15 euros. Como é que designo isso? Roubo.
Vítor, este tema está, de facto, longe do consenso. Quanto aos artistas e editoras descrentes, sei que são movidos pelo desejo de terem mais dinheiro. Em relação, aos crentes fico deveras chocado quando verifico que têm os mesmos comportamentos. Quem já entrou em qualquer livraria, e poderia aqui citar nomes, de crentes, concordará comigo em afirmar que os preços em nada variam. Se sei que os descrentes inflacionam os preços, logo os crentes fazem o mesmo.
Por tudo o que vi e continuo a ver, afirmo sempre perante os meus amigos que só muito dificilmente compro material evangélico, porque não se sinto “confortável” saber que estou a ser roubado por quem se afirma meu irmão.
Um abraço.

Vitor Mota disse...

Olá Adilson, obrigado pelo teu comentário. Entretanto penso que não podes generalizar ainda mais que não conheces os "Delirious". Uma banda cristã que não é formada por milionários mas sim pessoas tementes a Deus que o desejam servir através da música. Por exemplo, um dos músicos vai deixar a banda para se dedicar com mais intensidade ao ministério pastoral. Entretanto é preciso não esquecer que os músicos cristãos também precisam de sobreviver através dela e portanto têm de ganhar algo com a música.
É verdade que as editoras ganham a maior percentagem com os cds mas isso nao pode justificar a pirataria. (não disse que tu o disseste).

Quando à inflação dos preços, por vezes são os próprios autores que por terem direito a uma percentagem de exemplares os vendem mais baratos, penso eu. Conheço alguns livreiros evangélicos e sei, vejo claramente que não ganham fortunas com a venda de livros. Alguns apenas conseguem sobreviver mal.

Não podemos também esquecer que um livro não tem como valor apenas o custo da impressão e papel. Custou diversas horas de trabalho dos autores que também deveriam ser pagos por isso e muitas vezes não o são.

Dou-te como exemplo a produção da revista Imago Dei à qual estou ligado. A impressão custa cerca de 60% do valor da venda. Mas e as dezenas de horas gastas na sua produção? E as dezenas de horas gastas na escrita dos artigos pelos seus autores? Não são contabilizadas porquê? Porque se o fossem o custo seria exorbitante!

Então julgo que deves ter mais cuidado com a tua ultima afirmação porque não me parece realmente justa!

Adilson Marques disse...

Vítor,
Devo confessar que dos “Delirious?” nada sei, e se algo disse que não fosse verdade, por este meio quero desculpar o meu julgamento precipitado.
Quero somente tocar em algo que escreveste sobre o cunho intelectual dos autores quando fizeste menção à revista “Imago Dei”. Se eu, e muitos outros investigadores seculares com mais mérito e capacidade que de longe me sobrepujam, escrevemos artigos para revistas científicas, que de nada valem para salvação do Homem, a custo zero, sendo apenas motivados pelo prazer de divulgar o conhecimento científico, porque razão os crentes deveriam cobrar “as dezenas de horas gastas na escrita dos artigos”? Não são os crentes que afirmam que as suas obras são para o enriquecimento dos outros? Se cobram o contributo intelectual logo procuram o enriquecimento individual.
Vítor, nunca, enquanto investigador secular, iria ver com bons olhos um crente cobrar o seu contributo intelectual, fazendo com isso inflacionar os preços das obras. Digo-o com convicção, pois nunca me ocorreu cobrar um cêntimo por qualquer artigo científico que tivesse escrito, apesar das muitas horas que isso me leva.
Um abraço.

Vitor Mota disse...

Mas será que há algum mal em poder viver da escrita (refiro-me também à cristã)? Se é um ministério que abençoa outros, (como é o dos pastores que são sustentados pela Igreja para ministrarem) porque não poder ser recompensado materialmente por isso para haver uma dedicação total a isso?

Não é com as horas que sobram a investir num projecto, seja de escrita ou não, que se faz um trabalho com mais qualidade do que se houvesse uma dedicação mais integral. Pelo menos é o que eu acho.